segunda-feira, 16 de novembro de 2015

MARIANA

Foto do RedeRevolucionária no face compartilhada pelo poeta Sérgio Beija Flor

Mariana
(aos poetas José de Castro e Sérgio Beija Flor)

Jania Souza


Verdes e suculentos eram teus campos
atravessando vales, subindo montanhas.
Berço de fartura e prosperidade nas Minas
alimentando com os frutos da terra fértil
e as oferendas do rio Doce na forma de pesca.

Cidade histórica graciosamente florindo em festa
a contar os feitos do passado e o sucesso do presente.
Entre o cimento e as pedras a construir o progresso.
No relato poético do Brasil Colonial entre sinos e igrejas.

Teus filhos tranquilos iam e viam na calmaria da confiança
de que o tempo e a natureza garantiam os momentos
de estudo, de brincadeiras, de trabalho, de lazer.
Tudo estava como sempre estivera antes de antigamente.

Contudo, Mariana encontrava-se no caminho de uma represa
e a fatalidade da incompetência acabou em destruição.
Um estrondo foi o grito de rebelião do acúmulo de detritos
restos, expurgos da exploração mineral da grande empresa.

Em segundos, Mariana foi coberta, soterrada, por um mar de lama.
Quem estava dentro de casa e não conseguiu fugir
foi arrastado e sepultado com casas, prédios, automóveis
plantas, animais, solo, rio, sonhos, trabalho, vida.

A lama continuou seu caminho de destruição e contaminação
matando os peixes, sustento dos ribeirinhos do rio Doce
roubando a água potável da boca dos habitantes do vale.
Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo, Mariana, desertos de lama...

Quão terrível é o desastre ambiental para qualquer humano!









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