domingo, 1 de fevereiro de 2009

POESIAS DE PAULO REIS

O HOMEM E A TERRA

Paulo Reis

Forneces-me o alimento
Devolvo-te o excremento
Cuspo e te piso
Corto tuas veias
E bebo o teu sangue
Arranco teus membros
Visto-te com roupas impermeáveis,
Impedindo que te banhes e respires.

Mas suportas calada!
Porque sabes que um dia
Render-me-ei a teus pés,
Vestindo o que te arranquei,
Para que me engulas.
Então, serei pó
E como pó,
Sentirei o que sentes!

In: 1825 dias de poesia: coletânea terça converso no café. Rio de Janeiro: Urbana Arte & Comunicação, 2004. p. 86.
In: Projeto redação 2004. Rio de Janeiro: Folha Dirigida, 2004. p. 231.
In: Revista Academia: edição comemorativa dos 60 anos da Academia Friburgunse de Letras. Nova Friburgo - RJ: Nacif Gráfica, novembro de 2007. p. 10.


BRASIL

Paulo Reis

Brasil
Rico com os pés descalços
Rosto marcado sem maquiagem
Sorriso desdentado
Agrícola de barriga vazia
Sujo com grandes mananciais
Berço da corrupção
Hábitat da impunidade
De famílias sem teto
Da habilidade
Que faz emergir da escuridão grandes estrelas
Da liberdade sem asas
Gigante dominado
De gente grande com pequenos ideais
De braços abertos
Mas não acolhe com dignidade os seus filhos
Miserável com conta na Suíça
Miscigenado com preconceito
Do povo que canta, mas não tem voz
Dos analfabetos de tantas culturas
Dos poderosos sem lei
Que comemora com festas o sofrimento
Que deixa morrer o seu futuro
Que é surpreendido enquanto dorme
Que sonha acordado
Um dia vê-lo orgulhar.

In: Livre Pensador: antologia de poesias, contos e crônicas. São Paulo: Scortecci, 2004. vol. II. p. 217.


POEMA COM GOSTO DE SANGUE

Paulo Reis

Os fogos
De sacrifício
Invadem
Entranhas.
É noite
De sem joão.
O céu
Fica todo apagado...
E a cidade,
Cega,
Surda,
Muda,
Acompanha.

In: Fórum Século XXI, abril de 2008

http://recantodasletras.uol.com.br/autores/pauloreis
http://www.almadepoeta.com/pauloreis.htm

http://www.poetasdelmundo.com/verInfo.asp?ID=805

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